Arte para o fim de semana!
DOS CORRE
A sensação é que eu estou sempre correndo. Sem tempo pra respirar ou descansar. Só de parar pra jogar uma água no rosto e refrescar, são mil metros à frente que eu deveria estar.
Eu corro o tempo todo e vejo o vulto de pessoas, que não precisam correr, tomando sol na praia, bebendo uma cerveja. Eu me sinto exausta e nem assim posso parar de correr. Será que eu vou poder parar?
Sempre que eu achei estar chegando no final, que eu lutei pra aguentar um pouco mais, era só um final falso. Eu estou exausta. Eu queria parar e ver o pôr-do-sol, mas não existe tempo. Eu não sei quanto mais eu aguento correr, minha respiração está falhando e minhas pernas estão tremendo. Eu preciso parar, mas não posso.
Não posso parar por minha mãe, que nunca parou pra me permitir correr e não posso parar por meu pai, que corre mesmo quando não consegue mais respirar.
Não posso parar por todos que, como eu já fiz, esperam ansiosamente pela oportunidade de simplesmente entrar na corrida.
Eu invejo os privilégios dos que andam, invejo os que podem parar e ver o mundo, aqueles que não precisam mais correr porque tantos outros correram antes pra lhes permitir andar ou parar.
Eu não posso parar agora porque é minha vez de correr pra permitir aos meus pais verem o pôr-do-sol.
Feila
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