Arte para relaxar no fim de semana!!!

TEMPESTADES

Aperto no peito. Ânsia de vômito. Dor. Seria doença? Não. São apenas sintomas de alguém que foi ferido de modo inesperado. Ela confiava no Céu. Se encantou pelas suas estrelas e constelações. Brincou na rua apenas banhada pelo seu sol. Saiu de noite sem medo, pois sabia que ele te permitiria a lua. E não se enganem, ela também conhecia suas nuvens negras e obscuras. Sentiu na pele o efeito da sua chuva batendo em seu corpo pequeno. Esperou com paciência os ventos se acalmarem e estava ali pra contemplar os seus arco-íris. Até que um dia, de repente, quando acordou, tudo era escuridão. Procurou a janela e abrindo-a delicadamente olhou para fora, mas tudo se fazia em tons de preto. Gritou pra ver se alguém a ouvia! Silêncio. Saiu de casa correndo com a respiração descompassada e, ofegante, tentou enxergar algo ao seu redor... nada. Chorou. Chorou por todo o tempo que seu corpo permitiu, até que cansada, dormiu, ali mesmo, encostada no muro da frente. Passaram-se dias e noites. Ela não sabia mais qual era cada um. O tempo não fazia mais sentido. Até que um dia ela resolveu acender uma vela e, em frente ao espelho, se enxergou de novo, depois de muito tempo. Seus olhos foram se acostumando com a luz e os objetos em seu quarto foram ganhando forma. Ela acendeu a luz do quarto. No outro dia, acendeu a luz do corredor. No próximo, a luz da sala. Uma atrás da outra, ela foi reacendendo cada canto escuro que a rodeava. Em um desses dias, acordou do seu sono e sentiu um incômodo estranho nos olhos. Foi até a janela ainda com dificuldade de osabrir. Quando finalmente se acostumou com aquela sensação, percebeu: era dia, havia luz. Sorriu leve. Vestiu uma roupa e saiu pela porta da frente. Ali estava novamente o sol, o vento, as nuvens claras. Traziam uma sensação nova, já não era mais o Céu pelo qual se apaixonara. Mas era um céu, um céu aberto de opções e significados. E ela só precisou acender uma vela.

Stella

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